Em Outubro de 1884, nos EUA, a Federação de Ofícios e Sindicatos Organizados preside um congresso o qual delibera a data de 1° de Maio de 1886 para iniciar uma jornada de lutas operárias em prol das 8 horas de trabalho diárias (haviam empresas que impunham um regime de até 16 horas diárias), pois era nessa data que as empresas encerravam os contratos trabalhistas e assinavam novos. Foi dado um tempo entre Outubro de 1884 há Maio de 1886 para quê as organizações trabalhistas pudessem preparar suas bases. A adesão é massiva. As estimativas apontam números entre 300.000 e meio milhão de trabalhadores em greve por todo país. Estima-se 10.000 grevistas em Nova York, Milwaukee e Winsconsi, 11.000 em Detroit, e em Chicago, graças à atuação organizada dos anarquistas, de 30 há 40.000 grevistas e possivelmente o dobro desses números de pessoas manifestando seu apoio nas ruas. No dia 3 de Maio, grevistas da fábrica MacCormick, saem em perseguição à fura greves e são emboscados por policiais e agentes da Agência Pinkerton (irrascíveis inimigos do movimento trabalhista), três trabalhadores são mortos. No dia seguinte é organizada uma gigantesca manifestação em resposta aos assassinatos desses trabalhadores, na Haymarket Square. Após a maior parte dos manifestantes se dispersarem, sobram cerca de 200 manifestantes e número aproximado de efetivos policiais. Nesse momento uma bomba explode junto ao corpo de policiais matando um deles e ferindo outros sete. A polícia abre fogo contra os manifestantes, no confronto dezenas de operários são feridos, outros quatro são mortos (entre os policiais contam-se mais sete mortes) e centenas são presos. Sem prova alguma sete trabalhadores anarquistas são detidos sob a acusação de terem fabricado a bomba e planejado o ataque aos policiais, um outro anarquista se entrega às autoridades ao saber que seus companheiros seriam condenados à forca. O julgamento é uma piada e sem nenhuma prova, ou mesmo evidências, os oito são condenados à morte, a menos que peçam perdão ao então governador de Chicago Richard J. Oglesby, três dos condenados o fazem, Michael Schwab (encanador), Oscar Neebe (funileiro) e Samuel Fielden (operário têxtil), dois deles tendo a pena comutado para prisão perpétua e um a 15 anos de reclusão. Quatro deles são executados enforcados em 11 de Novembro de 1887, Albert Parsons (tipógrafo, foi ele quem se entregou às autoridades ao saber o destino que os companheiros teriam), Adolph Fischer (tipógrafo), August Spies (tipógrafo, editor do jornal Arbeiter-Zeitung, muito popular entre os trabalhadores imigrantes alemães) e George Engel (tipógrafo), o mais jovem dos condenados Louis Lingg (carpinteiro) tira sua vida ingerindo uma cápsula explosiva em 10 de Novembro de 1887 se recusando a dar ao Estado o poder sobre sua vida. Estes cinco ficam conhecidos como Os Mártires de Chicago. Em 20 de Junho de 1889 a II Internacional Socialista declara o 1° de Maio Dia Internacional de Lutas pela jornada de 8 horas de trabalho. Em 1° de Maio de 1891, no norte da França, uma manifestação de trabalhadores é violentamente reprimida por policiais acarretando na morte de 10 manifestantes, o que acaba por reforçar a importância da data como dia de lutas por direitos trabalhistas. Em 1890 a luta dos trabalhadores norte-americanos fez com quê o Congresso Federal aprovasse a redução da jornada de trabalhos diárias para 8 horas. Em 1893, o novo governador, John Peter Aligeld, reconhece a inocência dos condenados e a injustiça do julgamento, além de reconhecer que a bomba foi lançada por um agente provocador contratado pelo chefe de polícia da época, com isso concedendo o perdão e a liberdade aos outros três condenados. Em 23 de Abril de 1919, o senado francês ratificou a jornada de 8 horas diárias e proclamou naquele ano, pela primeira vez, o dia 1° de Maio como feriado nacional. Em 1920, a então União Soviética, adotou o 1° de Maio como feriado nacional, o que acaba por influenciar outros países a fazer o mesmo. No Brasil, o presidente Artur Bernardes, declara o 1° de Maio feriado nacional em 1925. O governo dos EUA, até hoje, se nega a reconhecer a data como dia do trabalhador. O 1° de Maio é, portanto, um dia de luta da classe trabalhadora, não um dia de festa, muito menos "dia do trabalho", é uma data para honrar todos os mártires vitimados pelo sistema de exploração capitalista e as lutas da classe operária por melhores condições de vida. "Chegará o tempo em quê o nosso silêncio será mais poderoso que as vozes que hoje estrangulais." August Spies, algemado, com um capuz branco sobre a cabeça, caminhando para o cadafalso. Avante os que lutam!
Coletivo Autônomo Lima Barreto. RECC/FOB-RN.
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