No Brasil, a gestão política e social, desde que se proclamou a tão badalada independência em relação a Portugal, é dominada pelas elites da burguesia. Percebam, após o evento da Independência, é o filho do Rei que assume a gerência do país. Veja que absurdo: como um filho do rei pode assumir um país que acabou de se tornar independente? Além disso, o que a versão oficial não diz é que Dom Pedro I, ao proclamar a Independência, se debruçava em merda. Sim, o tal imperador chegou às margens do Rio Ipiranga com grave desinteria, se cagando, literalmente. Podemos então utilizar a metáfora da merda para descrever nossa situação: no Brasil, tudo está uma merda!
Vamos aos fatos: o povo preto, que foi fundamental na solidificação do novo regime, por sua vez, só veio a ter sua liberdade oficial reconhecida 66 anos depois da independência. Os povos indígenas continuaram a serem vistos como "nobres selvagens" de inocência pura (felizmente a poderosa Igreja Católica já havia lhes reconhecido a humanidade de suas almas). Ao mesmo tempo, os indígenas, em toda história do Brasil, tiveram uma importante relação de intimidade com a terra e viviam em harmonia com todos os seres vivos. Sendo encarados pelos colonos como um elemento da terra, prontos a serem explorados e escravizados. Para o europeu o índio era considerado preguiçoso e, portanto, não teria direitos sobre uma terra onde ele "não trabalhava".
Percebamos então como as bases que fundam o povo brasileiro sempre foram exploradas e só foram dignas de vitórias vazias. Afinal, no Brasil, elite nunca deixou de ser elite, nem mesmo nos míticos tempos do PT. Essas elites só se solidificaram mais, como seu candidato não cansa de se gabar: foi nesse período que elas mais lucraram. O que não é dito é que o lucro delas se fundamenta na exploração cotidiana do pobre, e que o aumento do poder de compra da população, viabilizado pelos governos, e até mesmo sua sonhada casa própria, formam um mecanismo moderno de endividamento do povo, portanto, ampliação de sua dependência de programas governamentais e de sistemas de créditos, que acaba prendendo o povo em um ciclo de dívidas eternas, que representam o lucro do patrão.
O que precisamos é de um processo de conscientização crítica e política, que inspire na população a autonomia da organização popular combativa, sem depender das vias das instituições burguesas enganadoras, na qual o povo retome para si o protagonismo da ação política direta e da consequente reorganização social para melhoria da vida de todos nós. Ou seja, existem outras e novas coisas a serem feitas para além do ato de votar. Como por exemplo, a construção de conselhos de base organizados por locais de moradias: bairros e condomínios. Por locais de trabalho: fábricas, garagens, oficinas, escritórios, canteiros de obras e afins. Por locais de estudo: escolas e universidades. Pela via dos conselhos do povo, em que os serviços e as funções trabalhistas sejam organizadas e administradas diretamente pela gestão coletiva dos próprios trabalhadores para atender as demandas apresentadas pelos conselhos de moradia, na qual cada núcleo é livre e independente, porém ligados entre si pelo princípio federativo, ou seja, da cooperação recíproca entre os conselhos.
A tática que viabilizará tal projeto, bem como iniciar essa nova organização social é a greve geral, desencadeada federativamente pelos conselhos presentes tanto na cidade como no campo. Ou seja, esses órgãos de poder popular substituirão as instituições até então "oficiais" de legitimidade política. Os povos Zapatistas e Curdos já o fazem hoje, além de outros povos oprimidos já o terem provado no passado, como na Ucrânia de 1918 - 1921 e a Espanha a partir de 1936 até a vitória do fascismo.
Pense nisso! Pesquise sobre o Zapatismo e a Revolução Curda! Viva a Revolta Popular!
Só o povo salva o povo! Organize-se!
(Imagem: Moisés Patrício, artista).
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